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Design Sustentável ou Design Regenerativo: qual a sua meta?

  • Foto do escritor: Joana Giugliani
    Joana Giugliani
  • 23 de set. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de dez. de 2022


Não existe Planeta B. Sim, já faz tempo que estamos levando nossas atividades cotidianas como se não houvesse impactos envolvidos, sendo levados pelo imediatismo e pela busca de soluções instantâneas, que dão conta das demandas urgentes para as quais somos solicitados.

As práticas sustentáveis são antigas e posso arriscar dizer que nasceram conosco enquanto civilização. Mas, mesmo não sendo algo novo, Sustentabilidade precisou virar conceito, com formato e parâmetros definidos. Torná-la “oficial” foi importante para que pudéssemos desenvolver estratégias concretas e agir contra um modelo desenfreado de geração de impactos. Isso ocorre em todos os setores, mas vamos focar aqui no da Construção Civil.

O setor da Construção é um dos principais contribuintes para o impacto das Mudanças Climáticas. Em contrapartida, pode contar com boas oportunidades para reduzi-lo. Afinal, nesse universo de números alarmantes, pequenas ações são capazes de resultados transformadores.

Em suma, as ações de Sustentabilidade focam em desacelerar o ritmo da geração de impactos a partir de mudanças na forma de projetar, especificar e construir.

Porém, depois de tanto tempo sem levar isso em consideração, deparamo-nos com uma imensa dívida com o planeta. Nesse caso, será que as ações de Sustentabilidade, mesmo importantíssimas, são suficientes para o combate às Mudanças climáticas?


Pois bem, chegamos à conclusão de que é crucial que os edifícios compensem os danos ecológicos causados pelo seu desenvolvimento no passado. Por isso, acreditamos que devemos ir além. Precisamos encontrar meios de recuperar aquilo que retiramos do meio ambiente a partir de estratégias restaurativas. E é exatamente isso que propõe o Design Positivo ou Design Regenerativo. Diferentemente dos edifícios projetados de forma sustentável, que se baseiam no conceito de usar apenas os recursos mínimos necessários, os edifícios regenerativos são projetados e operados para reverter os danos e ter um impacto líquido positivo no meio ambiente. Na macro escala, os edifícios podem servir como locais de sequestro de carbono, contribuindo positivamente no cenário global das Mudanças Climáticas.



Ainda, é necessário olhar para a arquitetura como um meio de impulsionar as mudanças. Por exemplo, ao projetar edifícios para suportar plantios robustos e permanentes, a amortização de carbono pode ser alcançada muito mais cedo no ciclo de vida do edifício em comparação com o uso apenas de sistemas de energia renovável. Sabemos, hoje, que ecossistemas integrados a edifícios podem proporcionar a produção de ar limpo, água, solo e muitos outros benefícios, ao passo que melhoram a qualidade de vida e o conforto (Birkeland, 2009).


Supertree Grove - Uma iniciativa do governo de Cingapura, que dispõe de políticas de incentivo ao urbanismo biofílico e restaurativo.


No entanto, não existe uma abordagem simples e única. Cada edifício é tão exclusivo quanto seu ambiente. Por isso, o “Brief” de projeto deve acontecer logo na sua fase conceitual, em que se discutirão todas as estratégias regenerativas possíveis entre todas as partes envolvidas.

Abaixo, listamos algumas das principais estratégias do Design regenerativo:

Telhados e Fachadas Verdes:

Os telhados verdes são bastante comuns na indústria, atualmente, mas também podemos pensar em revestimentos que realmente purificam o ar e sequestram carbono.

Captação de Água da Chuva:

Projetar bacias que capturam e armazenam naturalmente águas pluviais é uma ferramenta útil para o reabastecimento do aquífero subterrâneo.

Tratamento de águas de descarte:

O tratamento de águas cinzas ou negras no local pode ter um custo inicial alto, com um baixo retorno monetário sobre o investimento, mas essa mesma estratégia é muito mais impactante em termos de conservação de água e, portanto, resulta em economia de recursos de longo prazo, que supera o impacto financeiro de curto prazo.

Produção de Energia:

É importante não apenas projetar edifícios que consomem menos energia, mas também projetá-los para produzir e armazenar energia no local, para que haja menos ou nenhuma dependência da matriz energética. O edifício também pode servir como fonte de energia de pequena escala para a comunidade vizinha, reduzindo ainda mais a dependência da concessionária.

Construção Termicamente Eficiente:

Abrange especialmente os sistemas de envoltória do edifício, criando um edifício com maior eficiência energética, o que reduz a carga do sistema mecânico.


Embora algumas estratégias já existam há algum tempo, há uma excelente oportunidade de continuar expandindo os limites do design regenerativo.


Muitas vezes, o principal obstáculo em aplicar aspectos do Design regenerativo é o desconforto em tentar algo novo. Isso nos exige coragem, mas as recompensas podem ser surpreendentes.


Os edifícios, além de fornecerem abrigo, nos ensinam, inspiram e apoiam a saúde dos seus ocupantes. Estes são resultados menos tangíveis do Design regenerativo, mas não menos importantes.

Referências

  • www.hmcarchitects.com

  • Birkeland, J. (2009). Eco-Retrofitting with Building Integrated Living Systems. Smart and Sustainable Built Environment Conference Proceedings. Delft, Netherlands,www.sasbe2009.com/

  • Janis Birkeland & Stephen Knight-Lenihan (2016). Biodiversity offsetting and net positive design. Journal of Urban Design, 21:1, 50-66,DOI:10.1080/13574809.2015.1129891


 



Sobre a autora

Joana Giugliani é Arquiteta e Urbanista, gaúcha e adepta de um lifestyle consciente e de baixo impacto. É fundadora da empresa Bgreen e entusiasta da sustentabilidade e do bem-estar no ambiente construído.

 
 
 

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